"Onde está Cristo Jesus, está na Igreja Católica." (Santo Inácio de Antioquia)

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A Igreja: inimiga íntima


Com a renúncia do Papa Bento XVI e a perspectiva do Conclave que elegerá seu sucessor, a Igreja volta à crista da notícia. E os assuntos de que se tratam são pitorescos: todos ligados a intrigas e escândalos verdadeiros ou cavados, para apimentar o noticiário. São tantas suposições, intrigas, ilações maldosas... Que pensar dessa enésima presepada? Duas coisas, aparentemente contraditórias, paradoxais, mas ambas verdadeiras.
(1) O mundo não quer saber a motivação profunda da vida e da moral católica; já não compreende o que é ser cristão, não consegue distinguir o cristianismo de uma pretensão de ser politicamente correto... Não quer saber nem pode compreender, porque todas as exigências do cristianismo nascem do encontro com Alguém que o mundo jura que está morto, mas que os cristãos sabem que está vivo, ressuscitado; Alguém a Quem amamos, que nos interpela, que é exigente e faz de nós criaturas novas. A moral cristã somente pode ser compreendida plenamente por corações renovados. Diante dessa não compreensão da novidade do Evangelho, diante dessa incapacidade de apreciar e saborear as coisas que nascem do encontro com Cristo no Espírito, o mundo olha o cristianismo como algo meio exótico e anacrônico. Resta-lhe, então, apegar-se a questões pitorescas, escandalosas e polêmicas – presentes na Igreja desde o princípio do cristianismo. E nisso fica. Eis a agenda cristã para o mundão: preservativos, moral sexual, casamento dos padres, união gay, ordenação de mulheres, e por aí vai. Como se essas coisas fossem o essencial. Mas, a questão é outra: é a de ter encontrado o Senhor, de aderir a Cristo com paixão, experimentá-lo de verdade, nele crendo e estando disposto a por ele dar a vida.
(2) Por outro lado, paradoxalmente, o mundo se incomoda com o que a Igreja pensa e fala. Só agora, já são mais de 5000 jornalistas credenciados para acompanhar o Conclave! É que este Ocidente neopagão não pode passar sem a Igreja! Nasceu cristão católico, foi forjado pela Igreja, tornou-se parcialmente protestante, mas seu inconsciente continua cristão! A Igreja é como uma incômoda voz da consciência, que se deseja calar e não se consegue. O Ocidente precisa ainda ouvir a Igreja dizer a verdade, ainda que ele critique e amaldiçoe essa “velha bruxa” católica. Sem a Igreja, o Ocidente decairia de vez! Ele continuará precisando da Igreja, nem que seja para brigar com ela e dizer que a odeia... É como uma senhora ateia que, na eleição de Bento XVI, escrevera a um jornal italiano: “Sou ateia, mas sinto-me feliz pela eleição do novo papa, pois não posso me sentir segura na vida sem saber que, na janela do Vaticano, existe aquele homem vestido de branco, que nos alerta para coisas que gostaríamos de esquecer, mas que, ao fim das contas, nos permite continuar vivendo de modo mais ou menos decente”.
Pense nisso...

Dom Henrique Soares da Costa

“Se eu não fosse Católico…”




Se eu não fosse Católico e estivesse procurando a verdadeira Igreja no mundo de hoje, eu iria em busca da única Igreja que não se dá muito bem com o mundo. Em outras palavras, eu procuraria uma Igreja que o mundo odiasse. Minha razão para fazer isso seria que, se Cristo ainda está presente em qualquer uma das igrejas do mundo de hoje, Ele ainda deve ser odiado como o era quando estava na terra, vivendo na carne.

Se você tiver que encontrar Cristo hoje, então procure uma Igreja que não se dá bem com o mundo. Procure por uma Igreja que é odiada pelo mundo como Cristo foi odiado pelo mundo. Procure pela Igreja que é acusada de estar desatualizada com os tempos modernos, como Nosso Senhor foi acusado de ser ignorante e nunca ter aprendido. Procure pela Igreja que os homens de hoje zombam e acusam de ser socialmente inferior, assim como zombaram de Nosso Senhor porque Ele veio de Nazaré. Procure pela Igreja, que é acusada de estar com o diabo, assim como Nosso Senhor foi acusado de estar possuído por Belzebu, príncipe dos demônios .

Procure a Igreja que em tempos de intolerância (contra a sã doutrina,) os homens dizem que deve ser destruída em nome de Deus, do mesmo modo que os que crucificaram Cristo julgavam estar prestando serviço a Deus.

Procure a Igreja que o mundo rejeita porque ela se proclama infalível, pois foi pela mesma razão que Pilatos rejeitou Cristo: por Ele ter se proclamado a si mesmo A VERDADE. Procure a Igreja que é rejeitada pelo mundo assim como Nosso Senhor foi rejeitado pelos homens. Procure a Igreja que em meio às confusões de opiniões conflitantes, seus membros a amam do mesmo modo como amam a Cristo e respeitem a sua voz como a voz do seu Fundador.

E então você começará a suspeitar que se essa Igreja é impopular com o espírito do mundo é porque ela não pertence a esse mundo e uma vez que pertence a outro mundo, ela será infinitamente amada e infinitamente odiada como foi o próprio Cristo. Pois só aquilo que é de origem divina pode ser infinitamente odiado e infinitamente amado. Portanto, essa Igreja é divina .”

Arcebispo Fulton J. Sheen, Radio Replies, Vol. 1, p IX, Rumble & Carty, Tan Publishing - Tradução: Gercione Lima


Fonte: Frates in Unum